sexta-feira, 23 de agosto de 2013

" POVO DO LIVRO"




Depois de ler e compreender o que os muçulmanos acreditam sobre Jesus, filho de Maria, algumas perguntas podem vir à mente, ou temas requererem esclarecimento.  Você pode ter lido o termo “Povo do Livro” e não ter ficado totalmente claro o que significa.  Da mesma forma, ao explorar a literatura disponível sobre Jesus você pode ter visto o nome Eissa e se perguntado se Jesus e Eissa eram a mesma pessoa.  Se você está pensando em investigar um pouco mais ou talvez ler o Alcorão, os pontos seguintes podem ser de interesse.

Quem é Eissa?

Eissa é Jesus.  Talvez por causa da diferença na pronúncia, muitas pessoas podem não estar cientes que quando ouvem um muçulmano falar sobre Eissa, ele está de fato falando sobre o Profeta Jesus.  A forma escrita de Eissa pode variar - Isa, Esa, Essa e Eissa.  A língua árabe é escrita em caracteres árabes e qualquer sistema de transliteração tenta reproduzir o som fonético.  Independentemente da forma de escrever, todas indicam Jesus, o Mensageiro de Deus.

Jesus e seu povo falavam aramaico, uma língua da família semítica.  Faladas por mais de 300 milhões de pessoas no Oriente Médio, Norte da África e Chifre da África, as línguas semitas incluem, entre outras, o árabe e o hebraico.  O uso da palavra Eissa é a tradução mais próxima da palavra aramaica para Jesus – Eeshu.  Em hebraico se traduz como Yeshua.

Traduzir o nome de Jesus para línguas não-semitas complica as coisas. Não havia nenhum “J” em nenhuma língua até o século quatorze[1], então, consequentemente, quando o nome de Jesus foi traduzido para o grego, ficou Iesous, e em latim, Iesus[2].  Posteriormente, o “I” e o “J” foram usados de forma intercambiável e finalmente o nome fez a transição para Jesus.  O “S” no final é indicativo da língua grega, na qual todos os nomes masculinos terminavam em “S”.


Aramaico- Eeshu

Árabe-Eissa

Hebraico-Yeshua

Grego-Iesous

Latim-Iesus

Português-Jesus





Quem é o Povo do Livro?

Quando Deus se refere ao Povo do Livro, Ele está falando principalmente dos judeus e cristãos.  No Alcorão o povo judeu é chamado de Bani Israeel, literalmente Filhos de Israel, ou comumente, os israelitas.  Esses grupos distintos seguem, ou seguiam, a revelação de Deus como foi revelada no Torá e no Injeel.  Você também pode ouvir os judeus e cristãos serem chamados de “Povo da Escritura”.

Os muçulmanos acreditam que os livros divinamente revelados antes do Alcorão foram perdidos na antiguidade, ou mudados e distorcidos, mas também reconhecem que os verdadeiros seguidores de Moisés e Jesus eram muçulmanos que adoravam o Deus Único com submissão verdadeira.  Jesus, filho de Maria, veio para confirmar a mensagem de Moisés e guiar os Filhos de Israel de volta à senda reta.  Os muçulmanos acreditam que os judeus (Filhos de Israel) negaram a missão e mensagem de Jesus, e os cristãos incorretamente o elevaram à posição de um deus.

“Ó Povo do Livro! Não exagereis em vossa religião, profanando a verdade, nem sigais o capricho daqueles que se extraviaram anteriormente, desviaram muitos outros e se desviaram da verdadeira senda!” (Alcorão 5:77)

Já discutimos nas partes anteriores como o Alcorão lida amplamente com o Profeta Jesus e sua mãe Maria.  Entretanto, o Alcorão também inclui muitos versículos nos quais Deus fala diretamente ao Povo do Livro, particularmente aqueles que se chamam de cristãos.

É dito aos cristãos e judeus para não criticarem os muçulmanos por acreditarem no Deus Único, mas Deus também chama atenção para o fato de que os cristãos (aqueles que seguem os ensinamentos de Cristo) e os muçulmanos têm muito em comum, incluindo seu amor e respeito por Jesus e todos os Profetas.

“..Constatarás que aqueles que estão mais próximos do afeto dos fiéis são os que dizem: Somos cristãos!   Porque possuem sacerdotes e não ensoberbecem de coisa alguma.

E, ao escutarem o que foi revelado ao Mensageiro, tu vês lágrimas a lhes brotarem nos olhos; reconhecem naquilo a verdade,

dizendo: Ó Senhor nosso, cremos! Inscreve-nos entre os testemunhadores!” (Alcorão 5:83)

Como Jesus, filho de Maria, o Profeta Muhammad veio para confirmar a mensagem de todos os profetas antes dele; chamou as pessoas para adorar o Deus Único.  Sua missão, entretanto, era diferente dos profetas anteriores (Noé, Abraão, Moisés, Jesus e outros) em um ponto.  O Profeta Muhammad veio para toda a humanidade, enquanto que os Profetas antes dele vieram especificamente para seu próprio tempo e povo.  O advento do Profeta Muhammad e a revelação do Alcorão completaram a religião que tinha sido revelada ao Povo do Livro.

Deus falou ao Profeta Muhammad no Alcorão e lhe disse para chamar o Povo do Livro dizendo:

“Dize-lhes (Muhammad): ‘Ó adeptos do Livro, vinde, para chegarmos a um termo comum, entre nós e vós: Comprometamo-nos, formalmente, a não adorar senão a Deus, a não Lhe atribuir parceiros e a não nos tomarmos uns aos outros por senhores, em vez de Deus.” (Alcorão 3:64)

O Profeta Muhammad disse a seus companheiros e, portanto, a toda a humanidade:

“De todos sou o mais próximo ao filho de Maria, e todos os profetas são irmãos paternais, e não houve profeta entre eu e ele (ou seja, Jesus).”

E também:

“Se um homem acredita em Jesus e então acredita em mim, receberá dupla recompensa.” (Saheeh Al-Bukhari)

O Islã é uma religião de paz, respeito e tolerância, e adota uma atitude justa e compassiva em relação às outras religiões, particularmente em relação ao Povo do Livro.

         (in IR)

JESUS RELAMENTE MORREU?




A idéia de Jesus morrendo na cruz é fundamental à crença cristã.  Representa a convicção de que Jesus morreu pelos pecados da humanidade.  A crucificação de Jesus é uma doutrina vital no Cristianismo; entretanto, os muçulmanos a rejeitam completamente.  Antes de descrever o que os muçulmanos acreditam sobre a crucificação de Jesus, pode ser útil entender a reação islâmica à noção de pecado original.

Quando Adão e Eva comeram da árvore proibida no paraíso, não foram tentados por uma serpente.  Foi Satanás quem os enganou e persuadiu e, sendo assim, eles exerceram seu livre arbítrio e cometeram um erro de julgamento.  Eva não carrega sozinha o fardo do erro.  Juntos, Adão e Eva perceberam sua desobediência, sentiram remorso e imploraram pelo perdão de Deus.  Deus, em Sua infinita misericórdia e sabedoria, os perdoou.  O Islã não tem o conceito de pecado original; cada pessoa é responsável por suas próprias ações.

“E nenhum pecador arcará com culpa alheia;” (Alcorão 35:18)

Não é necessário Deus, um filho de Deus, ou até mesmo um Profeta de Deus se sacrificar pelos pecados da humanidade para comprar o perdão.  O Islã recusa totalmente essa opinião.  A fundação do Islã reside em saber com certeza que não devemos adorar nada, exceto Deus.  O perdão emana do Verdadeiro Deus Único; então, quando uma pessoa busca perdão, deve se voltar para Deus de forma submissa, com remorso verdadeiro, e implorar perdão, prometendo não repetir o pecado.  Então, e somente então, os pecados serão perdoados.

À luz do entendimento islâmico do pecado original e perdão, podemos ver que o Islã ensina que Jesus não veio para expiar os pecados da humanidade; ao contrário, seu propósito era reafirmar a mensagem dos Profetas antes dele.

“..  Ninguém tem o direito de ser adorado exceto Deus, o Único e Verdadeiro Deus...”  (Alcorão 3: 62)

Os muçulmanos não acreditam na crucificação de Jesus, nem acreditam que ele morreu.

A Crucificação

A mensagem de Jesus foi rejeitada pela maioria dos israelitas e também pelas autoridades romanas.  Aqueles que acreditaram formaram um pequeno grupo de seguidores ao seu redor, conhecidos como os discípulos.  Os israelitas tramaram e conspiraram contra Jesus e formularam um plano para que fosse assassinado.  Era para ser executado em público, de uma forma particularmente horrível, conhecida no Império Romano: crucificação.

A crucificação era considerada uma forma vergonhosa de morrer e os “cidadãos” do Império Romano estavam isentos dessa punição. Foi designada não apenas para prolongar a agonia da morte, mas para mutilar o corpo.  Os israelitas planejaram essa morte humilhante para seu Messias – Jesus, o mensageiro de Deus.  Deus em Sua infinita misericórdia impediu esse evento abominável ao colocar a semelhança de Jesus em outra pessoa e ascender Jesus vivo, em corpo e alma, para os céus.  O Alcorão é silencioso sobre os detalhes exatos de quem era essa pessoa, mas sabemos e acreditamos com certeza que não era o Profeta Jesus.

Os muçulmanos acreditam que o Alcorão e as narrações autênticas do Profeta Muhammad contêm todo o conhecimento que a humanidade precisa para adorar e viver de acordo com os mandamentos de Deus.  Sendo assim, se pequenos detalhes não são explicados, é porque Deus em Sua infinita sabedoria julgou que esses detalhes não são benéficos para nós.  O Alcorão explica, nas palavras do próprio Deus, a conspiração contra Jesus e Seu plano para lograr os israelitas e ascender Jesus aos céus.

“Porém, (os judeus) conspiraram (contra Jesus); e Deus, por Sua parte, planejou também.  E Deus é o melhor dos planejadores.” (Alcorão 3:54)

“E por dizerem: ‘Matamos o Messias, Jesus, filho de Maria, o Mensageiro de Deus.’ Embora não sendo, na realidade, certo que o mataram, nem o crucificaram, senão que isso lhes foi simulado.  E aqueles que discordam, quanto a isso, estão na dúvida, porque não possuem conhecimento algum, abstraindo-se tão-somente em conjecturas;  Porém, o fato é que não o mataram.  Outrossim, Deus fê-lo ascender até Ele. Porque é Poderoso, Prudentíssimo.”

 (Alcorão 4:157-158)
Jesus Não Morreu

Os israelitas e as autoridades romanas não foram capazes de ferir Jesus.  Deus diz claramente que elevou Jesus até Ele e o livrou das afirmações falsas feitas em nome de Jesus.

“Ó Jesus!  Por certo que porei termo à tua estada na terra; ascender-te-ei até Mim e salvar-te-ei dos incrédulos...” (Alcorão 3:55)

No versículo anterior, quando Deus disse que “elevaria” Jesus, usou a palavra mutawaffeeka.  Sem um entendimento claro da riqueza da língua árabe, e conhecimento dos níveis de significados em muitas palavras, é possível entender mal o que Deus disse.  Na língua árabe de hoje a palavra mutawaffeeka é às vezes usada para denotar morte, ou até sono.  Nesse versículo do Alcorão, entretanto, o significado original é usado e a abrangência da palavra denota que Deus elevou Jesus até Ele, completamente.  Portanto, ele estava vivo em sua ascensão, em corpo e alma, sem qualquer injúria ou defeito.

Os muçulmanos acreditam que Jesus não está morto, e que voltará para esse mundo nos últimos dias antes do Dia do Juízo.  O Profeta Muhammad disse a seus companheiros:

“Como estarão quando o filho de Maria, Jesus, descer entre vocês e julgar pela Lei do Alcorão e não pela lei do Evangelho?” (Saheeh Al-Bukhari)

Deus nos lembra no Alcorão que o Dia do Juízo é um Dia que não podemos evitar, e nos alerta que a descida de Jesus é um sinal de sua proximidade.

“E (Jesus) será um sinal (do advento) da Hora.  Não duvideis, pois, dela, e segui-me,  porque esta é a senda reta.” (Alcorão 43:61)

Consequentemente, a crença islâmica sobre a crucificação de Jesus e sua morte é clara.  Houve uma conspiração para crucificar Jesus, mas não foi bem sucedida; Jesus não morreu, mas ascendeu aos céus.  Nos últimos dias que precederem o Dia do Juízo, Jesus retornará a esse mundo e continuará sua mensagem.

  (in IR)

AL-HAWARIYEEN (Os discípulos de Jesus)




O capítulo 5 do Alcorão se chama Al Maidah (ou A Mesa Servida).  É um dos três capítulos no Alcorão que lidam amplamente com a vida de Jesus e sua mãe Maria.  Os outros capítulos são o capítulo 3, Al Imran (A Família de Imran), e o capítulo 19, Maryam (Maria).  Os muçulmanos amam Jesus e honram sua mãe, mas não os adoram.  O Alcorão, que os muçulmanos acreditam ser as palavras diretas de Deus, coloca Jesus e sua mãe Maria, e de fato toda sua família – a família de Imran, em uma alta posição.

Sabemos que Jesus viveu entre seu povo, os israelitas, por muitos anos, chamando-os de volta à adoração do Único Verdadeiro Deus e realizando milagres pela permissão de Deus.  A maioria daqueles à sua volta rejeitou seu chamado e não atentou para sua mensagem.  Entretanto, Jesus reuniu ao seu redor um grupo de companheiros chamados Al Hawariyeen (os discípulos de Jesus) em árabe.

Deus disse no Alcorão:

“E de que, quando Eu (Deus) inspirei os Al-Hawariyeen (discípulos), (dizendo-lhes): Crede em Mim e no Meu Mensageiro! ‘Disseram: Cremos! Testemunha que somos muçulmanos.’” (Alcorão 5:111)

Os discípulos chamam a si próprios de muçulmanos: como pode ser isso se a religião do Islã foi revelada depois de 600 anos?  Deus deve estar se referindo ao significado geral de “muçulmano”. Um muçulmano é qualquer um que se submeta ao Deus Único e a Sua obediência, e qualquer um cuja aliança e lealdade seja com Deus e os crentes acima de tudo.  A palavra muçulmano e Islã vêm da mesma raiz árabe – sa la ma – e é por isso que paz e segurança (Salam) são inerentes à submissão a Deus.  Dessa forma pode ser entendido que todos os Profetas de Deus e seus seguidores eram muçulmanos.

Uma Mesa Servida com Comida

Os discípulos de Jesus disseram a ele:

“Ó Jesus, filho de Maria! Poderá o teu Senhor fazer-nos descer do céu uma mesa servida dos céus?” (Alcorão 5:112)

Estavam pedindo a Jesus para realizar um milagre?  Os discípulos de Jesus que se denominavam muçulmanos se sentiam inseguros sobre a habilidade de Deus de prover milagres?  É improvável, porque seria um ato de descrença.  Os discípulos de Jesus não estavam perguntando se isso era possível, mas se Jesus invocaria Deus naquele momento específico para prover-lhes de comida.  Entretanto, Jesus deve ter pensado de forma diferente, porque respondeu:

“Temei a Deus, se sois crentes (muçulmanos)!” (Alcorão 5:112)

Quando viram a reação de Jesus, seus discípulos tentaram explicar suas palavras.  Inicialmente disseram “Queríamos comer.”

Podiam estar com muita fome e queriam que Deus satisfizesse suas necessidades.  Pedir a Deus para prover nosso sustento é aceitável porque Deus é o Provedor, Aquele de onde toda provisão emana.  Os discípulos prosseguiram dizendo “e para satisfazer nossos corações.”

Queriam dizer que sua fé se tornaria mais forte se vissem um milagre com seus próprios olhos, e isso é confirmado pela afirmação de encerramento.  “E para saber que nos disseste a verdade e para que sejamos testemunhas.”

Embora mencionado por último, ser uma testemunha da verdade e ver os milagres que são sua evidência de apoio eram as justificativas mais importantes para seu pedido.  Os discípulos estavam pedindo ao Profeta Jesus para realizar esse milagre pela permissão de Deus para que pudessem ser testemunhas perante toda a humanidade.  Os discípulos queriam propagar a mensagem de Jesus proclamando os milagres que testemunharam com seus próprios olhos.

“Tornaram a dizer: ‘Desejamos desfrutar dela, para que os nossos corações sosseguem e para que saibamos que nos tens dito a verdade, e para que sejamos testemunhas disso.’ Jesus, filho de Maria, disse: ‘Ó Deus, Senhor nosso! Envia-nos do céu uma mesa servida! Que seja um banquete para o primeiro e último de nós, constituindo-se num sinal Teu; agracia-nos, porque Tu és o melhor dos agraciadores.’” (Alcorão 5:113-114)

Jesus pediu pelo milagre.  Orou a Deus, pedindo que uma mesa servida com comida fosse enviada.  Jesus também pediu que fosse para todos e que fosse uma grande festa.  A palavra árabe usado pelo Alcorão é Eid, que significa uma grande festa ou celebração recorrente.  Jesus queria que seus discípulos e aqueles que viessem depois deles lembrassem as bênçãos de Deus e fossem agradecidos.

Temos muito a aprender das súplicas feitas pelos Profetas e outros crentes virtuosos.  A súplica de Jesus não foi apenas por uma mesa servida com comida, mas para Deus provê-los com sustento.  Ele a fez abrangente porque a comida é apenas uma parte pequena do sustento provido pelo Melhor dos Sustentadores.  O sustento de Deus abrange todos os requisitos necessários para a vida, inclusive, mas não apenas, comida, abrigo, e conhecimento.  Deus respondeu:

“Fá-la-ei descer; porém, quem de vós, depois disso, continuar descrendo, saiba que o castigarei tão severamente como jamais castiguei ninguém da humanidade.” (Alcorão 5:115)

Conhecimento se Equipara a Responsabilidade

A razão porque a resposta de Deus foi tão absoluta é porque se alguém descrê após ser provido com um sinal ou milagre de Deus, é pior do que descrer sem ver o milagre.  Você pode questionar o porquê.  É porque uma vez que se veja o milagre, tem-se conhecimento e compreensão em primeira mão da onipotência de Deus.  Quanto mais conhecimento uma pessoa tem, maior sua responsabilidade perante Deus.  Quando se vê os sinais, a obrigação de acreditar e propagar a mensagem de Deus se torna maior.  Deus estava exigindo dos discípulos de Jesus que ficassem cientes da grande responsabilidade que estavam assumindo, ao receberem a mesa servida com comida.

O dia da mesa se tornou um dia de festa e celebração para os discípulos e seguidores de Jesus, mas, com o passar do tempo, o significado e essência reais do milagre foram perdidos.  Eventualmente Jesus passou a ser adorado como um deus.  No Dia da Ressurreição, quando toda a humanidade se apresentará diante de Deus, os discípulos testemunharão a grande responsabilidade de saberem a verdadeira mensagem de Jesus.  Deus falará diretamente a Jesus e dirá:

“Ó Jesus, filho de Maria! Foste tu quem disseste aos homens: ‘Tomai a mim e a minha mãe por duas divindades, em vez de Deus?’ Ele (Jesus) dirá: Glorificado sejas! É inconcebível que eu tenha dito o que por direito não me corresponde. Se tivesse dito, tê-lo-ias sabido, porque Tu conheces a natureza da minha mente, ao passo que ignoro o que encerra a Tua. Somente Tu és Conhecedor do incognoscível. Não lhes disse, senão o que me ordenaste:‘Adorai a Deus, meu Senhor e vosso!’” (Alcorão 5:116-117)


Aqueles de nós abençoados com essa mensagem verdadeira de Jesus, a mesma mensagem propagada por todos os Profetas incluindo o último profeta, Muhammad, também terão grande responsabilidade no Dia da Ressurreição.
         (in IR)

EISSA IBN MARYAM



Já estabelecemos que Jesus, filho de Maria, ou como ele é chamado pelos muçulmanos, Eissa ibn Maryam, realizou seu primeiro milagre enquanto estava embalado nos braços de Maria.  Pela permissão de Deus ele falou, e suas primeiras palavras foram “Sou um servo de Deus” (Alcorão 19:30).  Ele não disse “Sou Deus” ou mesmo “Sou o filho de Deus”.  Suas primeiras palavras estabeleceram a fundação de sua mensagem e sua missão: chamar o povo de volta para a pura adoração do Deus Único.

Na época de Jesus o conceito de Deus Único não era novo para os Filhos de Israel. O Torá tinha proclamado “Ouça, Ó Israel, o Senhor teu Deus é Um,” (Deuteronômio: 4).  Entretanto, as revelações de Deus foram mal interpretadas e abusadas, e corações se endureceram.  Jesus veio para denunciar os líderes dos Filhos de Israel, que caíram em vidas materialistas e de luxúria, e confirmar a lei de Moisés encontrada no Torá que tinham mudado.

A missão de Jesus era confirmar o Torá, tornar lícitas coisas que eram previamente ilícitas e proclamar e reafirmar a crença em Um Criador.  O Profeta Muhammad disse:

“Todo Profeta foi enviado exclusivamente para sua nação, mas eu fui enviado para toda a humanidade” (Saheeh Bukhari). 

Portanto, Jesus foi enviado para os israelitas.

Deus diz no Alcorão que Ele ensinou a Jesus o Torá, o Evangelho e a Sabedoria.

“E Ele o ensinou o Livro e a Sabedoria, o Torá e o Evangelho.” (Alcorão 3:48)

Para propagar sua mensagem de forma efetiva, Jesus entendeu o Torá e foi provido com sua própria revelação vinda de Deus – o Injeel, ou Evangelho.  Deus também dotou Jesus com a habilidade para guiar e influenciar seu povo com seus sinais e milagres.

Deus apoiou todos os Seus Mensageiros com milagres que eram observáveis e faziam sentido para o povo o qual o Mensageiro havia sido enviado.  No tempo de Jesus os israelitas eram muito desenvolvidos no campo da medicina. Consequentemente, os milagres que Jesus realizou (pela permissão de Deus) eram dessa natureza e incluíam devolver a visão ao cego, curar leprosos e ressuscitar os mortos.  Deus disse:

“... de quando, com o Meu beneplácito, curaste o cego de nascença e o leproso” (Alcorão 5:110)

Jesus Criança

Nem o Alcorão nem a Bíblia se referem à infância de Jesus.  Podemos imaginar, entretanto, que como filho na família de Imran, era uma criança virtuosa devotada ao aprendizado e ansioso para influenciar as crianças e adultos à sua volta.  Depois de mencionar que Jesus falou no berço, o Alcorão imediatamente relata a história de Jesus moldando a figura de um pássaro de argila.  Ele soprou e pela permissão de Deus se tornou um pássaro.

“…plasmarei de barro a figura de um pássaro, à qual darei vida, e a figura será um pássaro, com beneplácito de Deus.” (Alcorão 3:49)

O Evangelho da Infância de Tomé, parte de um conjunto de textos escritos por cristãos primitivos não aceitos na doutrina do Velho Testamento, também se refere a essa história.  Ele relata com alguns detalhes a história do jovem Jesus moldando pássaros de argila e soprando-lhes a vida.  Embora fascinante, os muçulmanos só acreditam na mensagem de Jesus como relatada no Alcorão e nas narrativas do Profeta Muhammad.

É exigido que os muçulmanos acreditem em todos os livros revelados por Deus para a humanidade. Entretanto, a Bíblia, como existe hoje, não é o Evangelho que foi revelado ao Profeta Jesus.  As palavras e sabedoria de Deus dadas a Jesus foram perdidas, ocultadas, mudadas e distorcidas.  O destino dos textos apócrifos dos quais o Evangelho da Infância de Tomé faz parte, é testemunha disso.  Em 325 AD, o Imperador Constantino tentou unificar a fragmentada Igreja Cristã ao convocar um encontro de bispos de todo o mundo conhecido.  Esse encontro ficou conhecido como o Concílio de Nicéia, e seu legado foi a doutrina da Trindade, previamente inexistente, e a perda de algo em torno de 270 a 4.000 evangelhos.  O concílio ordenou a queima de todos os evangelhos não considerados merecedores de estarem na nova Bíblia, e o Evangelho da Infância de Tomé foi um deles. Entretanto, cópias de muitos evangelhos sobreviveram e, embora não estejam na Bíblia, são valiosos por sua significância histórica.

O Alcorão Nos Liberta

Os muçulmanos acreditam que Jesus recebeu revelação de Deus, mas não registrou por escrito uma única palavra, nem instruiu seus discípulos a fazê-lo. Não há necessidade para um muçulmano tentar provar ou contestar os livros dos cristãos.  O Alcorão nos liberta da necessidade de saber se a Bíblia que temos hoje contém a palavra de Deus, ou as palavras de Jesus.  Deus disse:

“Ele te revelou (ó Muhammad) o Livro (paulatinamente) com a verdade corroborante dos anteriores.” (Alcorão 3:3)

E também:

“Em verdade, revelamos-te o Livro corroborante e preservador dos anteriores. Julga-os, pois, conforme o que Deus revelou e não sigas os seus caprichos, desviando-te da verdade que te chegou.” (Alcorão 5:48)

Qualquer conhecimento benéfico para os muçulmanos existente no Torá ou no Injeel é afirmado claramente no Alcorão.  Todo o bem encontrado nos livros anteriores é agora encontrado no Alcorão. Se as palavras do Novo Testamento de hoje concordam com as palavras do Alcorão, então essas palavras são provavelmente parte da mensagem de Jesus que não foi distorcida ou perdida com o tempo.  A mensagem de Jesus era a mesma mensagem que todos os Profetas de Deus ensinaram a seus povos.  O Senhor seu Deus é Um, então adorem somente a Ele.  E Deus disse no Alcorão sobre a história de Jesus:


“Esta é a puríssima verdade: não há mais divindade além de Deus, Que não tem esposa e nem filho. E Deus é o Poderoso, o Prudentíssimo.” (Alcorão 3:62)
   ( in IR)

O ISSA (JESUS) FILHO DE MARIA



Os cristãos geralmente falam sobre desenvolver uma relação com Cristo e aceitá-lo em suas vidas.  Afirmam que Jesus é muito mais que um homem e morreu na cruz para livrar a humanidade do pecado original.  Os cristãos falam de Jesus com amor e respeito, e é óbvio que ele tem um lugar especial em suas vidas e corações.  Mas, e os muçulmanos? O que pensam sobre Jesus e que posição Jesus ocupa no Islã?

Alguém não familiarizado com o Islã pode se surpreender ao saber que os muçulmanos também amam Jesus.  Um muçulmano não falará o nome de Jesus sem respeitosamente acrescentar as palavras “que a paz esteja sobre ele”.  No Islã, Jesus é um homem amado e estimado e um Profeta e Mensageiro que chamou seu povo à adoração do Verdadeiro Deus Único.

Muçulmanos e cristãos compartilham algumas das crenças sobre Jesus.  Ambos acreditam que Jesus nasceu da Virgem Maria e ambos acreditam que Jesus foi o Messias enviado para o povo de Israel. Ambos também acreditam que Jesus voltará a terra nos últimos dias.  Entretanto, um detalhe importante separa seus mundos.  Os muçulmanos acreditam que certamente Jesus não é Deus, não é o filho de Deus e não é parte de uma Trindade de Deus.

No Alcorão, Deus falou diretamente aos cristãos quando disse:

“Ó Povo do Livro! Não exagereis em vossa religião e não digais de Deus senão a verdade. O Messias, Jesus, filho de Maria, foi tão-somente um mensageiro de Deus e Seu Verbo, com o qual Ele agraciou Maria por intermédio do Seu Espírito. Crede, pois, em Deus e em Seus mensageiros. Não digais: ‘Trindade!’ Abstende-vos disso, que será melhor para vós; Sabei que Deus é Uno. Glorificado seja! Longe está a hipótese de ter tido um filho. A Ele pertence tudo quanto há nos céus e na terra, e Deus é mais do que suficiente Guardião.” (Alcorão 4:171)

Assim como o Islã nega categoricamente que Jesus era Deus, também rejeita a noção de que a humanidade nasce maculada por qualquer forma de pecado original.  O Alcorão nos diz que não é possível que uma pessoa carregue os pecados de outra e que somos todos responsáveis, perante Deus, por nossas próprias ações.  “E nenhum pecador arcará com culpa alheia;” (Alcorão 35: 18) Entretanto, Deus, em Sua infinita Misericórdia e Sabedoria não abandonou a humanidade à sua própria sorte.  Enviou orientação e leis que revelam como adorar e viver de acordo com Seus mandamentos.  Os muçulmanos devem acreditar e amar todos os Profetas; rejeitar um é rejeitar o credo do Islã.  Jesus foi um em uma longa linhagem de Profetas e Mensageiros, chamando as pessoas para adorar o Deus Único.  Veio especificamente para o Povo de Israel, que na época tinha se desviado da senda reta de Deus.  Jesus disse:

“(Eu vim) para confirmar-vos a Tora, que vos chegou antes de mim, e para liberar-vos algo que vos está vedado. Eu vim com um sinal do vosso Senhor. Temei a Deus, pois, e obedecei-me. Sabei que Deus é meu Senhor e vosso. Adorai-O, pois. Essa é a senda reta.” (Alcorão 3:50-51)

Os muçulmanos amam e admiram Jesus. Entretanto, o entendemos e a seu papel em nossas vidas de acordo com o Alcorão e as narrativas e os ditos do Profeta Muhammad.  Três capítulos do Alcorão tratam da vida de Jesus, sua mãe Maria e sua família; cada um revela detalhes não encontrados na Bíblia. 

O Profeta Muhammad falou de Jesus muitas vezes, descrevendo-o uma vez como seu irmão. 

“De todos sou o mais próximo ao filho de Maria, e todos os profetas são irmãos paternais, e não houve profeta entre eu e ele (ou seja, Jesus).” (Saheeh Al-Bukhari)

Sigamos a história de Jesus através das fontes islâmicas para entender como e por que seu lugar no Islã é de tamanho significado.

O Primeiro Milagre

O Alcorão nos informa que Maria, a filha de Imran, era uma jovem mulher solteira, casta e virtuosa devotada à adoração de Deus.  Um dia, enquanto estava em reclusão, o anjo Gabriel veio à Maria e informou-lhe que seria a mãe de Jesus.  Sua resposta foi de medo, choque e desânimo.  Deus disse:

“E faremos dele um sinal para os homens, e será uma prova de Nossa misericórdia. E foi uma ordem inexorável.” (Alcorão 19:21)

Maria concebeu Jesus, e quando chegou o momento de seu nascimento, ela se afastou de sua família e viajou para as proximidades de Belém.  Aos pés de uma tamareira Maria deu à luz seu filho Jesus.

Quando Maria descansou e se recuperou da dor e temor envolvendo dar à luz sozinha, percebeu que devia retornar para sua família.  Maria estava temerosa e ansiosa enquanto envolvia a criança e a embalava em seus braços.  Como ela poderia explicar seu nascimento a seu povo?  Ela atendeu às palavras de Deus e tomou o caminho de volta para Jerusalém.

“Dize: ‘Verdadeiramente! Fiz um voto de jejum ao Clemente, e hoje não falarei com pessoa alguma.’ Regressou ao seu povo levando-o (o filho) nos braços.” (Alcorão 19:26-27)

Deus sabia que se Maria tentasse explicar, seu povo não acreditaria nela. Então, em Sua sabedoria, disse a ela para não falar.  Desde o primeiro momento que Maria se aproximou de seu povo eles começaram a acusá-la, mas ela sabiamente seguiu as instruções de Deus e se recusou a responder.   Essa mulher casta e tímida meramente apontou para a criança em seus braços.

Os homens e mulheres que cercavam Maria olharam para ela de forma incrédula e exigiram saber como poderiam falar com um bebê.   Então, pela permissão de Deus, Jesus, filho de Maria, ainda um bebê, realizou seu primeiro milagre.  Ele falou:

“Sou o servo de Deus. Ele me concedeu o Livro e me designou como profeta. Fez-me abençoado, onde quer que eu esteja, e me encomendou a oração e (a paga do) zakat enquanto eu viver. E me fez piedoso para com a minha mãe, não permitindo que eu seja arrogante ou rebelde. A paz está comigo, desde o dia em que nasci; estará comigo no dia em que eu morrer, bem como no dia em que eu for ressuscitado.” (Alcorão 19:30-34)

Os muçulmanos acreditam que Jesus era o servo de Deus, e um Mensageiro enviado para os israelitas de seu tempo.  Ele realizou milagres pela vontade e permissão de Deus.  As palavras do Profeta Muhammad resumem de forma clara a importância de Jesus no Islã:


“Quem testemunhar que não existe divindade exceto Deus, sem parceiros ou associados, e que Muhammad é Seu servo e Mensageiro, e que Jesus é Seu servo e Mensageiro, uma palavra que Deus concedeu à Maria e um espírito criado por Ele, que o Paraíso é real, e que o Inferno é real, Deus admitirá através de um dos oito portais do Paraíso.” (Saheeh Bukhari e Saheeh Muslim)

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

HIGIENE PESSOAL NO ISSLAM (II)




Os muçulmanos acreditam que toda a humanidade nasce sabendo de maneira inata que Deus é Único.  É um estado natural de ser onde instintivamente se sabe que existe um Criador e nossa maneira natural de vida é adorá-Lo e agradá-Lo. A palavra árabe para esse estado de ser é fitrah e linguisticamente significa fazer algo existir pela primeira vez em sua condição mais pura e natural. O profeta Muhammad disse que toda criança nasce em estado de fitrah, com o entendimento correto de Deus.

O respeitado erudito e historiador muçulmano At-Tabari descreveu fitrah com a maneira ou religião de Deus.  A religião do Islã é uma forma holística de vida.  Abrange o bem-estar emocional, físico e espiritual e levam em consideração as necessidades naturais da humanidade. Quando mencionamos a fitrah em relação à higiene pessoal, queremos dizer coisas feitas para melhorar a saúde e bem-estar geral.  Algumas ações estão de acordo com a maneira natural - a forma que agrada a Deus e é benéfica para a humanidade.

As tradições do profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, incluem conselho sobre ações que são parte de uma maneira natural de manter a higiene pessoal.  Ele disse que: "Cinco coisas são parte da fitrah: raspar o pelo púbico, a circuncisão, aparar o bigode, remover os pelos das axilas e cortar as unhas." Acredita-se que seja a maneira antiga, a maneira natural, seguida por todos os profetas e ordenada aos crentes pelas leis que trouxeram. Examinemos cada uma das cinco ações de fitrah em relação à limpeza e higiene pessoal.

Raspar os pelos púbicos

É obrigatório que as impurezas sejam completamente removidas antes da oração; portanto, a remoção dos pelos púbicos facilitam a manutenção da limpeza.  Embora o profeta Muhammad tenha recomendado que fossem arrancados, o pelo pode ser removido por qualquer método que seja mais seguro e mais fácil para cada indivíduo.  O pelo que cresce ao redor da região púbica é geralmente muito áspero e espesso e após o uso do banheiro alguns traços de fezes e urina podem ficar retidos entre os pelos ou na pele.

Os muçulmanos são encorajados a manter a área genital e as roupas íntimas o mais limpas possível.  O profeta Muhammad aconselhou aos crentes usar a mão esquerda para se limparem cuidadosamente após usar o banheiro.  Se não limparmos essa área adequadamente, nossos corpos se transforam em terreno fértil para doenças incluindo infecções do trato urinário.  Na época do profeta Muhammad eles usavam pedras ou argila seca, mas hoje em dia temos o luxo do papel higiênico.  Entretanto, apenas o uso do papel não é suficiente.  Depois que todos os traços de impureza forem removidos com o papel higiênico, se possível, deve ser usada água para uma limpeza completa da área.  As casas muçulmanas geralmente têm duchinhas ou jarros de água disponíveis próximos ao vaso sanitário para facilitar a limpeza.

Circuncisão

A maioria dos eruditos muçulmanos concorda que a circuncisão é obrigatória para os homens, se não temerem que possa prejudicá-los.  A circuncisão facilita manter o pênis limpo de traços de urina, sujeira ou impurezas e envolve cortar a pele que cobre a glande.  Não envolve esfolar a pele ou parte do pênis. De fato, fazê-lo causaria dano deliberado e seria contra os ensinamentos do Islã.  A circuncisão feminina não é parte dos rituais obrigatórios do Islã.

Aparar o bigode

O profeta Muhammad deixou claro para seus seguidores que devem aparar seus bigodes, mas deixar suas barbas.  Os eruditos têm opiniões diferentes sobre se o bigode deve ser raspado completamente, entretanto, todos concordam que deve ser aparado para que o cabelo não cubra os lábios ou entre na boca.  É importante que a área ao redor da boca seja mantida limpa para que não emita mau cheiro.

Arrancando os pelos das axilas

Embora arrancar seria a melhor maneira para remover o pelo das axilas, pode não ser o mais confortável. Portanto, qualquer método de remoção de pelos é permissível.  Remover os pelos das axilas facilita a limpeza de uma área do corpo onde existe acúmulo de suor e sujeira  O pelo, combinado com escuridão e umidade formam um lugar ideal para o crescimento de bactérias.

Corte das unhas

A razão principal para manter as unhas curtas é limpeza e higiene.  Sujeira e bactérias podem facilmente ficar retidas sob as unhas e serem passadas adiante para outras pessoas, especialmente na preparação de alimentos ou em um ambiente médico.  Ter unhas das mãos e dos pés sujas e longas não é saudável e é anti-higiênico.

Para garantir que seus seguidores fossem bem cuidados e limpos, o profeta Muhammad ordenou que o pelo fosse removido das axilas e da região púbica e as unhas e bigodes aparados pelo menos a cada quarenta dias. A higiene pessoal é importante no Islã.  Para adorar a Deus corretamente é necessário se empenhar para estar saudável em mente e corpo.  A limpeza física é tão importante quanto a limpeza espiritual.  O Islã nos fornece orientações claras.  Nosso propósito é adorar a Deus e nos é pedido que asseguremos que todas as nossas ações comecem com a intenção de agradar a Deus.  Agradar a Deus é o objetivo final e Deus nos lembra no Alcorão que a limpeza é agradável para Ele.

“Verdadeiramente, Deus estima os que se arrependem e cuidam da purificação.” (Alcorão 2:222)


    (in IR)

HIGIENE PESSOAL NO ISSLAM (I)




Os muçulmanos em todo o mundo têm padrões extremamente altos de higiene pessoal, porque o Islã dá grande ênfase na limpeza e purificação física e espiritual.  Enquanto a humanidade em geral usualmente considera a limpeza um atributo agradável, o Islã insiste nela.  Os muçulmanos devem cuidar da higiene pessoal assegurando-se de que estejam bem cuidados e que seus corpos, roupas e ambiente ao redor estejam limpos.  O profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, informou a seus companheiros e, portanto, a todos nós, sobre a importância de limpeza quando disse: "a limpeza é metade da fé."  O Alcorão é mais específico e diz:

“Verdadeiramente, Deus estima os que se arrependem e cuidam da purificação.” (Alcorão 2:222)

A higiene pessoal é desejável em todas as horas, mas certos aspectos da higiene pessoal não são apenas importantes, mas também compulsórios. De acordo com os eruditos, a limpeza é de três tipos: purificação ou lavagem ritual para realizar a oração; manter o corpo, roupas e ambiente limpos; e especificamente remover a sujeira que se acumula nas várias partes do corpo como dentes, narinas, sob as unhas, nas axilas e em torno da região púbica.

Lavagem ritual

A palavra árabe para pureza é tahara é significa estar livre de sujeira, espiritual e física.  A pureza é a chave para a oração. Tahara espiritual significa estar livre de pecado e idolatria e denota acreditar na Unicidade de Deus.  É tão importante quanto a limpeza física.  Antes de uma pessoa se apresentar diante de Deus na conexão especial que é a oração, deve assegurar-se de que seu coração esteja livre de pecado, arrogância e hipocrisia.  Uma vez que isso se concretize, ou pelo menos muito desejado, ela é capaz de se limpar de todas as impurezas físicas.  Isso geralmente é alcançado usando água.

“Ó vós que credes!  Sempre que vos dispuserdes a observar a oração, lavai o rosto, as mãos e os antebraços até aos cotovelos, esfregai a cabeça, com as mãos molhadas e lavai os pés, até os tornozelos.   E, quando estiverdes polutos, higienizai-vos."  (Alcorão 5:6)

Antes da oração obrigatória ou voluntária uma pessoa deve se assegurar de que esteja em estado de limpeza e faz isso realizando o wudu (geralmente traduzido como ablução) ou ghusl (um banho completo).  O wudu livra o corpo de impurezas menores e o ghusl limpa o corpo de impurezas maiores.  O ghusl deve ser realizado depois da relação sexual ou qualquer atividade sexual que libere fluidos corporais.  O ghusl também é realizado após o término do período menstrual de uma mulher ou do sangramento pós-parto.

Limpar ritualmente o corpo através do wudu inclui lavar as mãos, enxaguar a boca e o nariz, lavar o rosto, lavar os braços até os cotovelos, esfregar a cabeça (e barba), lavar as orelhas, incluindo atrás das orelhas e lavar os pés até os tornozelos.  Uma pessoa não precisa repetir essa ablução para todas as orações, a menos que tenha quebrado seu wudu através de um dos seguintes métodos: urinar ou defecar, soltar gases, comer carne de camelo, dormir enquanto estiver deitada, perder a consciência, tocar diretamente a área genital ou excitar-se sexualmente o suficiente para liberar uma secreção.

Nas tradições do profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, somos informados de que no Dia do Juízo aqueles que completam um wudu perfeito serão identificáveis pela luz que brilha das áreas lavadas em wudu.  O profeta Muhammad também ensinou aos crentes a realizar o wudu de forma a respeitar o meio-ambiente.  A água era geralmente escassa e ele recomendou o uso de pouca água como necessária para completar o wudu corretamente.  Entretanto, em certas ocasiões era obrigatório tomar um banho completo (ghusl), com a água tocando todas as partes do corpo.

Sob certas condições a purificação ritual pode ser feita sem água.  É chamada de tayammum ou ablução seca.  Se não houver água disponível em quantidades suficientes ou se for perigoso usar água, por exemplo se uma pessoa estiver ferida ou muito doente, pode ser usada terra limpa. O tayammum é realizado batendo as mãos suavemente sobre terra limpa e, então, passando a palma de cada mão nas costas da outra, a poeira é soprada e as mãos passadas no rosto.  Essas ações são realizadas no lugar do wudu ou ghusl.

"... porém, se estiverdes enfermos ou em viagem, ou se vierdes de lugar escuso ou tiverdes tocado as mulheres, sem encontrardes água, servi-los do tayamum com terra limpa, e esfregai com ela os vossos rostos e mãos.  Deus não deseja impor-vos carga alguma; porém, se quer purificar-vos e agraciar-vos, é para que Lhe agradeçais." (Alcorão 5:6)

Embora Deus espere que aqueles que O adoram estejam limpos ritualmente, Ele é misericordioso e permite certas concessões.  Deus diz no Alcorão (2:286) que não sobrecarrega uma pessoas além de sua capacidade.  Portanto, o tayammum é uma das concessões, como é limpar sobre as meias, véus e turbantes.


O Islã é uma religião holística que leva em consideração a necessidade da humanidade por um equilíbrio entre saúde e bem-estar físico, emocional e espiritual.  Higiene pessoal e limpeza, tanto física quanto espiritual, mantém o corpo e a mente livres de doenças. A limpeza é uma parte importante dos padrões e valores elevados que são inerentes ao Islã.

  ( in IR)

domingo, 18 de agosto de 2013

O CONCEITO ISLÂMICO DE ESPIRITUALIDADE





Para responder a isso é necessário estudar cuidadosamente a diferença entre o conceito islâmico de espiritualidade e o das outras religiões e ideologias. Sem um entendimento claro dessa diferença frequentemente acontece que, ao falar sobre a espiritualidade no Islã, muitas noções vagas associadas com a palavra "espiritual" inconscientemente vem à mente; torna-se difícil então compreender que essa espiritualidade do Islã não apenas transcende o dualismo de espírito e matéria, mas é o núcleo de seu conceito integrado e unificado de vida.
Conflito corpo-alma
A ideia que tem influenciado a maior parte do pensamento filosófico e religioso é que corpo e alma são mutuamente antagonistas e só podem se desenvolver às custas um do outro. Para a alma o corpo é uma prisão e as atividades da vida cotidiana são os grilhões que a mantém em cativeiro e impedem seu crescimento. Isso inevitavelmente leva ao universo dividido entre espiritual e secular.
Os que escolheram o caminho secular foram convencidos de que não podiam atender às demandas da espiritualidade e, por isso, levaram vidas altamente materiais e hedonistas. Todas as esferas da atividade mundana, seja social, política, econômica ou cultural, foram privadas da luz da espiritualidade; o resultado foi injustiça e tirania.
Em contrapartida, os que queriam manter o caminho da excelência espiritual passaram a ver a si mesmos como "párias nobres" do mundo. Acreditavam que era impossível para o crescimento espiritual ser compatível com uma vida "normal". Em sua visão a autonegação física e a mortificação da carne eram necessárias para o desenvolvimento e aperfeiçoamento do espírito. Inventaram exercícios espirituais e práticas ascéticas que mataram os desejos físicos e insensibilizaram os sentidos do corpo. Consideravam as florestas, montanhas e outros locais solitários como ideais para o desenvolvimento espiritual, porque a agitação e o alvoroço da vida interferiria com suas meditações. Não podiam conceber o desenvolvimento espiritual, exceto através do abandono do mundo.
Esse conflito de corpo e alma resultaram na evolução de dois ideais diferentes para o aperfeiçoamento do homem. Um era que o homem devia ser cercado de todos os confortos materiais possíveis e se considerar como nada além de um animal. Os homens aprenderam a voar como os pássaros, nadar como os peixes, correr como os cavalos e até a aterrorizar e destruir como os lobos, mas não aprenderam como viver como seres humanos nobres. O outro era que os sentidos não deviam ser apenas subjugados e conquistados, mas que poderes extrassensoriais deviam ser despertados e eliminadas as limitações do mundo sensorial. Com essas novas conquistas os homens deviam ser capazes de ouvir vozes distantes como se fossem poderosos equipamentos sem fio, ver objetos distantes como se faz com um telescópio e desenvolver poderes através dos quais o mero toque de suas mãos ou um rápido olhar curaria o incurável.
O ponto de vista islâmico difere radicalmente dessas abordagens. De acordo com o Islã, Deus designou a alma humana com Seu califa (vice gerente) nesse mundo. Ele a investiu com certa autoridade e deu a ela certas responsabilidades e obrigações e, para que fossem cumpridas, conferiu à alma a melhor e mais adequada estrutura física. O corpo foi criado com o único objetivo de permitir à alma usá-lo no exercício de sua autoridade e no cumprimento de seus deveres e responsabilidades. O corpo não é uma prisão para a alma, mas sua oficina ou fábrica; e se a alma tiver que crescer e desenvolver, será somente através dessa oficina. Consequentemente, esse mundo não é um lugar de punição no qual a alma humana infelizmente se encontra, mas um campo para o qual Deus a enviou para trabalhar e cumprir seu dever em relação a Ele.
Portanto, o desenvolvimento espiritual não deve assumir a forma do homem se afastando de sua oficina e se refugiando em um canto.  Ao invés disso, o homem deve viver e trabalhar nela e dar o melhor de si. É parte de uma avaliação dele; todo aspecto e esfera de vida é, como foi, uma pergunta em um teste: a casa, a família, a vizinhança, a sociedade, o mercado, o escritório, a fábrica, a escola, os tribunais, a delegacia, o parlamento, a conferência de paz e o campo de batalha, todos representam perguntas em testes que o homem precisa responder. Se deixar a maior parte do livro de respostas em branco, está propenso a ser reprovado no teste. Sucesso e desenvolvimento só são possíveis se o homem devota toda sua vida a esse teste e tenta responder a todas as perguntas do teste que conseguir.
O Islã condena e rejeita a visão ascética de vida e propõe um conjunto de métodos e processos para o desenvolvimento espiritual do homem não fora desse mundo, mas dentro dele. O lugar verdadeiro para o crescimento do espírito é no meio da vida e não em locais solitários de hibernação espiritual.
Critério de desenvolvimento espiritual
Discutiremos agora como o Islã julga o desenvolvimento ou decadência da alma. Em sua função como vice gerente (Califa) de Deus, o homem presta contas a Deus por todas as suas atividades. É seu dever usar todos os poderes que lhes foram concedidos de acordo com a vontade divina. Deve utilizar ao máximo todas as faculdades e potencialidades concedidas a ele para buscar a aprovação de Deus. Em seus negócios com outras pessoas deve se comportar de modo a tentar agradar a Deus. Em resumo, todas as suas energias devem ser direcionadas para a regulamentação dos assuntos desse mundo da forma que Deus os quer regulamentados. Quanto melhor um homem fizer isso, com senso de responsabilidade, obediência e humildade e com o objetivo de buscar a satisfação do Senhor, mais próximo estará de Deus. No Islã o desenvolvimento espiritual é sinônimo de proximidade com Deus. Da mesma forma, não será capaz de se aproximar de Deus se for preguiçoso e desobediente. E, no Islã, distância de Deus significa a queda espiritual e a decadência do homem.
Do ponto de vista islâmico, portanto, as esferas de atividade do homem religioso e do homem secular são as mesmas. Não apenas ambos trabalharão nas mesmas esferas; o homem religioso trabalhará com maior entusiasmo que o homem secular. O homem de religião será tão ativo quanto o homem do mundo. De fato, será mais ativo em sua vida doméstica e social, que se estende dos confins da sua casa a praça do mercado e até a conferências internacionais.
O que distinguirá suas ações será a natureza de suas relações com Deus e os objetivos por trás de suas ações. O que quer que um homem religioso faça, será feito com o sentimento de que presta contas a Deus, de que deve tentar assegurar a satisfação divina, que suas ações devem estar de acordo com as leis de Deus. Uma pessoa secular será indiferente em relação a Deus e será guiada em suas ações somente por seus motivos pessoais. Essa diferença faz toda a vida material de um homem de religião um empreendimento totalmente espiritual e toda a vida de uma pessoa secular uma existência destituída da faísca da espiritualidade.

                    ( in IR)